O líder indígena Ari Uru-eu-wau-wau, de 32 anos, foi encontrado morto na manhã de sábado, 18 de abril de 2020, na Linha 625 em Tarilândia, distrito de Jaru, em Rondônia. Ari era professor e ativista ambiental. De acordo com o médico-legista, ele foi espancado até a morte com um instrumento rombudo.
Segundo informações oficiais da Polícia Civil, a scooter de Ari foi encontrada de um lado da estrada e seu corpo, do outro. Inicialmente, as informações contidas no boletim de ocorrência sugeriam que Ari poderia ter sofrido um acidente. No entanto, durante o curso da investigação, os agentes confirmaram que Ari foi assassinado com aproximadamente quatro golpes de um objeto contundente que causou traumatismo craniano. A morte provavelmente aconteceu nas primeiras horas da manhã de sábado.
Segundo a Associação de Defesa Etnoambiental (Kanindé), Ari trabalhou no grupo de vigilância do povo indígena Uru-eu-wau-wau. A função do grupo é principalmente registrar e denunciar as atividades de madeireiros ilegais e grileiros na área.
Ari era primo de Awapu Uru-eu-wau-wau, um líder indígena que recebeu várias ameaças de morte. Outro líder indígena Uru-Eu-Wau-Wau foi assassinado há 5 anos. Ninguém jamais foi responsabilizado por essas mortes.
De acordo com CPT (Comissão Pastoral da Terra), que documenta a violência nas áreas rurais, 2020 foi o ano mais violento no interior do Brasil desde 1985, ano em que a organização começou a rastrear conflitos de terra no Brasil.A invasão de terras públicas por grandes latifundiários e mineiros ilegais em detrimento de grupos indígenas e pequenos produtores tem levado a um número recorde de conflitos violentos nas áreas rurais e florestais do Brasil, especialmente na Amazônia.
O Atlas Anual de Conflitos Rurais da CPT mostrou que, em 2020, havia 1.576 disputas de terra, 315 a mais do que em 2019, que havia sido o ano recorde anterior. Mais de 40 por cento do total de casos envolveram povos indígenas.