No dia 5 de janeiro, os primeiros assassinatos de ativistas pelos direitos à terra em 2020 aconteceram na Comunidade do Cedro, uma pequena comunidade a cerca de 170 quilômetros de São Luís, no estado do Maranhão.
Celino Fernandes e seu filho Wanderson de Jesus Rodrigues Fernandes foram mortos a tiros por quatro pistoleiros não identificados. O assassinato ocorreu no início da manhã, quando 4 homens fortemente armados invadiram a casa da família e mataram Celino e Wanderson na frente de seus filhos e netos. Os assassinos, que usavam capuz, estavam vestidos como membros da Polícia Civil e disseram estar cumprindo um mandado de prisão.
Em 2019, Celino, Wanderson e três outros agricultores, incluindo a filha de Celino, Adriana de Jesus Rodrigues Fernandes, que é presidente da Associação Quilombola de Cedro, foram detidos durante 70 dias na prisão regional de Viana por acusações espúrias de atividade criminosa. A questão central são as tentativas por parte dos agentes dos grandes latifundiários de cercar e tomar as terras públicas que estão sendo utilizadas pelos fazendeiros para sustentar suas famílias.
Celino e os outros agricultores denunciaram repetidamente às autoridades que estavam sendo perseguidos e intimidados. A comunidade tem sido repetidamente vítima de falsas acusações; investigações policiais e acusações criminais, tudo isso constituindo uma campanha consistente para expulsá-los da terra.
O terreno em questão é objeto de uma ordem de proteção ambiental que o reconhece como de uso comunitário.
Não há dúvida de que todo esse processo de criminalização da comunidade é apenas uma cortina de fumaça para esconder o verdadeiro motivo da perseguição – a luta pela posse da área. O objetivo da violência é criar um clima de medo para que os agricultores desistam de lutar pela terra.
Essas mortes não são um incidente isolado. Houve inúmeros ataques a comunidades indígenas e quilombolas por grileiros; seus pistoleiros contratados e o próprio Estado. Na verdade, o Estado que nada fez para proteger as comunidades, apoiou os grandes proprietários de terras e seus pistoleiros contratados. O resultado – uma contagem crescente de assassinatos, a maioria dos quais ou nunca são investigados, nem os perpetradores levados à justiça.
Em 2019, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) relatou 30 assassinatos no contexto de disputas de terras no Brasil.