Eraldo Moreira Luz, 50 anos, conhecido como “Pirata”, e Jorge Matías da Silva, 25 anos, foram assassinados por volta das 9h30 da manhã, na quarta-feira, 13 de setembro de 2017, no barracão em que moravam no assentamento Boa Esperança, situado na Fazenda Santa Clara, zona rural de Marabá, Pará. Ambos eram membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), sendo que Eraldo “Pirata” era líder de uma ocupação na área.
Segundo uma das testemunhas, Raimundo Dantas da Silva, no dia dos acontecimentos, por volta das 9h, ele passou perto do barracão em que as vítimas moravam e foi abordado por 2 homens numa motocicleta perguntando por Eraldo “Pirata”, mas este não havia chegado ainda. Raimundo não deu importância ao fato e se afastou do local. Porém, quando Eraldo e Jorge Matías chegaram algum tempo depois ao barracão para descansar, foram recebidos a tiros. Ainda segundo a testemunha, antes de fugirem na moto, os assassinos gritaram que havia outros sem-terra marcados para morrer naquele acampamento.
Outra testemunha, Agenor Mendes Silva, um pequeno proprietário da região, ouviu os disparos e quando chegou ao local, encontrou Eraldo “Pirata” já morto e Jorge Matías da Silva gravemente ferido. Ele ainda tentou levar Jorge Matías para o hospital, mas o rapaz morreu no caminho. Agenor acredita que o alvo do ataque era Eraldo “Pirata”, uma vez que este era líder da ocupação e já tinha se envolvido em conflitos anteriormente, inclusive com companheiros do movimento. Já Jorge Matías, segundo a testemunha, era uma pessoa tranquila e não se envolvia em confusão com ninguém, mas provavelmente estava no lugar errado na hora errada.
A polícia começou a investigar o caso, ouviu testemunhas e chegou a liberar o retrato falado de um dos suspeitos, mas nenhuma prisão foi feita até o momento.
Há fortes indícios de que o caso tenha como motivação o conflito por posse de terra na região. Até porque o assassinato do líder da ocupação e, em especial, o aviso gritado por um dos atacantes antes da fuga tiveram claro intuito de intimidar as cerca de 500 famílias que vivem na região do Assentamento Boa Esperança.
Os conflitos relacionados à terra e ao meio ambiente são uma questão extremamente preocupante no Brasil. Sendo que, segundo o relatório da organização Global Witness (https://www.globalwitness.org/pt/campaigns/environmental-activists/a-que-pre%C3%A7o/), o Brasil liderou o ranking em 2017 com a maior quantidade de mortes de defensores da terra e do meio ambiente.