Nazildo dos Santos Brito

Fonte The Guardian

O estado brasileiro do Pará, na Amazônia, aumentou sua reputação como um campo de morte para ativistas da terra com o assassinato de um ativista contra violações de direitos humanos decorrentes da exploração do óleo de palma.

Nazildo dos Santos Brito – líder de uma comunidade quilombola – foi morto no final de semana. Foi o terceiro assassinato em quatro semanas no canto nordeste do Estado, que também viu mais mortes relacionadas a disputas por território e preservação do meio ambiente do que qualquer outro ano passado.

O corpo de Brito foi encontrado no domingo de manhã. Ele foi baleado na cabeça e no estômago. Nenhum de seus pertences foi levado, o que levou a polícia a acreditar que ele foi vítima de uma execução. Membros de sua comunidade, a Associação de Moradores e Agricultores Remanescentes dos Quilombolas de Alto Acará, disseram que Brito pediu proteção judicial após receber ameaças de morte por sua oposição às plantações de dendê.

Outros ativistas chamavam Brito de guerreiro. Eles pediram às autoridades que encontrassem e punissem os assassinos, mas disseram que foram deixados sozinhos para lidar com os riscos que enfrentavam.

Vivemos sob constante ameaça, por isso criamos um sistema de proteção mútua porque sabemos que há dinheiro por nossas cabeças”, disseram líderes da comunidade indígena Paratê Tembé à comunidade Amazônia Real.

Os direitos à terra quilombola, garantidos pela constituição brasileira, estão sob crescente pressão. Políticos próximos ao lobby do agronegócio “ruralista” desafiaram a posse de terra por parte desses grupos no Supremo Tribunal Federal.

A violência também está aumentando. Dois outros líderes da Associação de Caboclos Indígenas e Quilombolas da Amazônia foram assassinados desde dezembro, incluindo Paulo Nascimento, que esteve envolvido em protestos por terra e contra a poluição em Barcarena. A polícia ainda não identificou suspeitos em nenhum desses casos.

Essas mortes são parte de uma tendência cada vez mais forte ao assassinato de defensoras e defensores de direitos humanos em todo o país, que os ativistas atribuem à elite rural, encorajada pela presidência de Michel Temer e Jair Bolsonaro.

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra, 70 pessoas foram mortas no Brasil no ano passado por terra e as disputas ambientais – o nível mais alto desde 2003. O Pará foi o Estado mais afetado, com 21 assassinatos.

 


Se quiser enviar uma recordação pessoal, favor nos enviar por e-mail: HRDMemorial@frontlinedefenders.org

Região:Américas

País:Brasil

Departamento/Província/Estado:Pará

Gênero1:Masculino

Idade:33

Data da morte:24/04/2018

Ameaças Anteriores:Sim

Tipo de trabalho:Líder comunitário

Organização:Quilombolas Remnant Residents and Farmers Association of Alto Acará

Setor ou Tipo de Direitos que o/a DDH trabalhava:Direitos ESC

Detalhes do Setor:Direito à terra, Direitos ambientais, Direitos dos afro descendentes

Maiores informações:Front Line Defenders

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