O Assassinato
Fonte: Business Human Rights organisation
Em 30 de março de 2019, homens armados invadiram o campo de agricultores/as sem-terra conhecido como Seringal São Domingos para expulsá-los/as. Quatro pessoas foram mortas, incluindo Nemis Machado de Oliveira, 50 anos, líder do campo, que deixou para trás uma esposa e três filhos/as. Os pistoleiros também incendiaram as casas de 140 famílias que vivem da extração de borracha e pequenas lavouras. A área é atormentada por conflitos agrários, grilagem de terras, extração ilegal de madeira e desmatamento que resultaram em violência e assassinatos. Segundo relatos, os pistoleiros eram seis homens encapuzados e armados e com identidade desconhecida.
Fonte: CPT Communication Advisory
Nemis Machado de Oliveira, 50 anos, foi resgatado da região por sua família. Ele foi enterrado segunda-feira, 1º de abril, no município de Acrelândia (AC), a cerca de 140 quilômetros de Seringal.
O crime ocorreu em Seringal São Domingos, município de Lábrea, no Amazonas. A área, de difícil acesso, fica próxima à tríplice fronteira dos estados do Acre, Amazonas e Rondônia, e está localizada na região conhecida como Ponta do Abunã.
Histórico de Violência
Fonte: CPT Communication Advisory
Desde 2016, 140 famílias ocupam o território conhecido como Seringal São Domingos, que, segundo os moradores, pertence à União. A maioria dos ocupantes da área são originários de Acrelândia. A região possui um longo histórico de conflitos agrários que envolve fazendeiros, grileiros e madeireiros.
No sábado, pistoleiros armados invadiram o Seringal, atiraram contra as pessoas, queimaram casas, inclusive a de Nemis. O trabalhador teve parte do corpo queimado. A casa de um vizinho dele também foi incendiada.
Devido as ameaças de morte recentes e o longo histórico de conflitos que assola a localidade, as famílias, temem denunciar esse crime, inclusive a existência de mais pessoas mortas. Segundo a equipe da CPT no Acre, o medo tem silenciado diversas outras situações conflituosas na região e na mesma comunidade, como ataques anteriores de jagunços.
Na violência do último sábado, os posseiros denunciam a ausência do Estado no local do crime, o que aumenta, ainda mais a insegurança de quem permanece no Seringal São Domingos após o ataque dos pistoleiros. Há também vários relatos de pessoas desaparecidas que se abrigaram em matas para fugirem dos pistoleiros.
A Investigação
Fonte: R7 Noticias
No sábado, os homens armados atiraram contra as pessoas e queimaram as casas. Oliveira foi atingido por disparos e teve parte do corpo queimado. Conforme a CPT, dezenas de famílias fugiram em pânico para a floresta. Até a manhã desta terça-feira, 2, várias pessoas continuavam desaparecidas. Além da casa do líder do seringal, outras duas foram incendiadas.
A Polícia Militar de Lábrea informou que uma equipe foi à região e estava em busca das pessoas desaparecidas, mas não foram encontrados outros corpos. A hipótese é de que as pessoas tenham se refugiado em vilas próximas, como o distrito de Nova Califórnia, em Rondônia. O agricultor morto havia comprado uma área no seringal, onde também fazia cultivos e criava animais. Ele deixou esposa e três filhos.
Fonte: Camara dos Deputos
CDHM pede agilidade na investigação sobre assassinato e violação de direitos humanos em seringal no Amazonas.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) denunciou para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), o assassinato do líder seringueiro Nemis Machado de Oliveira, que trabalhava no seringal São Domingos, em Lábrea (AM). A região, conhecida como Ponta do Abunã, fica próxima à tríplice fronteira dos estados do Acre, Amazonas e Rondônia.
Ainda de acordo com a CPT, pistoleiros armados teriam invadido o seringal, atirado contra os trabalhadores e queimado casas, como a de Nemis. O trabalhador rural teve parte do corpo queimado. O ataque aconteceu no dia 30 de março.
or causa das ameaças de morte recentes e do longo histórico de conflitos agrários na região, as famílias, segundo a CPT no Acre, temem denunciar esse crime, inclusive sobre a possibilidade de mais pessoas mortas. O medo estaria silenciando os seringueiros em outras situações conflituosas, como ataques anteriores de jagunços.
Para ajudar na apuração desses fatos, o presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), Helder Salomão (PT/ES) pediu à procuradora-geral de Justiça do Acre, Kátia Rodrigues e ao secretário de Segurança Pública do estado, coronel Paulo Cesar dos Santos, informações sobre as investigações e quais as providências que estão sendo tomadas sobre o crime.
“Os trabalhadores denunciam a ausência do Estado no local do crime, o que aumenta a insegurança de quem permanece no seringal São Domingos após o ataque dos pistoleiros. Há também relatos de pessoas desaparecidas porque se abrigaram em matas para fugir dos pistoleiros. E são constantes as ameaças feitas com fotos dos seringueiros e suas famílias, para que saiam da região”, conta Helder Salomão.