Sobre
Fonte: BBC News (2 de Nov 2019)
Paulo Paulino “Lobo” Guajajara, 26 anos, era defensor da terra e líder Guajajara. Guajajaras são um dos maiores povos indígenas do Brasil, com cerca de 20.000 habitantes.
“Às vezes tenho medo, mas temos que levantar a cabeça e agir. Estamos aqui brigando”, disse ele à agência de notícias Reuters este ano.
“Há tanta destruição da natureza acontecendo, boas árvores com madeira tão dura quanto aço sendo cortadas e levadas”, acrescentou.
“Temos que preservar esta vida para o futuro dos nossos filhos”.
Fonte: Live Science
Em 2012, eles inciaram os Guardiões da Floresta para proteger o Território Indígena Araribóia. Lobo era um membro do grupo chamado “Guardiões da Floresta”. Essa brigada de 120 Guajajaras foi formada em 2012 para proteger sua tribo, além de povos indígenas ainda mais vulneráveis que vivem em isolamento voluntário em um pedaço de floresta chamado Araribóia. Esta seção de floresta é constitucionalmente protegida como terra indígena, mas o desmatamento separou a faixa do resto da Amazônia. Araribóia é alvo frequente de incursões ilegais na exploração madeireira, informou a Reuters.
O Assassinato
Fonte: BBC News (2 de Nov 2019)
Em 1 de novembro de 2019, Paulo Paulino Guajajara foi atacado e baleado na cabeça enquanto caçava na sexta-feira dentro da reserva de Araribóia, no Maranhão. Ele era membro dos “Guardiões da Floresta”, um grupo formado para combater gangues de madeireiros na área. O assassinato aumenta as preocupações sobre o aumento da violência contra protetores/as da floresta amazônica.
Fonte: New York Times
Em abril, integrantes dos povos indígenas Guajajara foram à capital, Brasília, para pedir proteção contra madeireiros que invadiam suas terras no estado do Maranhão. Em agosto, o chefe de direitos humanos do estado escreveu à polícia federal dizendo que os madeireiros estavam ameaçando os/as Guajajara na Terra Indígena Araribóia.
Mas esses avisos não ajudaram Paulo Paulino Guajajara durante uma viagem de caça com um amigo na reserva de Araribóia na sexta-feira, quando foram emboscados por um grupo de cinco madeireiros que trabalhavam ilegalmente na área.
Autoras: Manuela Andreoni e Letícia Casado
Fonte: The Guardian
Segundo comunicado da Associação dos Povos Indígenas do Brasil, Paulo Paulino Guajajara foi morto a tiros no território indígena de Araribóia, no Maranhão. Outro membro da tribo, Laércio Guajajara, também foi baleado e hospitalizado e um madeireiro está desaparecido. Nenhum corpo ainda foi encontrado.
Os indígenas são integrantes de uma guarda florestal indígena chamada “Guardiões da Floresta”, que foi formada em 2012 para afastar gangues de madeireiros que pilham sua reserva rica em madeira rara.
O trabalho deles envolve patrulhas armadas e destruição de acampamentos de madeira e ganhou-lhes inimigos perigosos. Vários Guardiões no Maranhão foram mortos nos últimos anos, incluindo três de Araribóia.
Autor: Sam Cowie São Paulo
Investigação
As autoridades dizem que ele foi baleado na cabeça durante uma emboscada por madeireiros ilegais que invadiram a reserva. Outro homem indígena, Tainaky Tenetehar, foi ferido no ataque.
A polícia disse que um dos madeireiros também foi morto em um tiroteio subsequente. A organização pan-indígena brasileira APIB disse que o corpo de Paulo Paulino Guajajara ainda estava na floresta onde ele foi morto a tiros.
Fonte: Arab News
A polícia federal investigará o assassinato de Guajajara para “levar os responsáveis por esse crime à justiça”, disse Sergio Moro, Ministro da Justiça e Segurança Pública.
Uma liderança indígena da área disse que os/as guardas florestais haviam recebido ameaças anteriormente e usavam coletes de proteção enquanto estavam em patrulha.
“Informamos as agências federais sobre as ameaças, mas elas não tomaram nenhuma medida”, disse a líder Sônia Guajajara.
Fonte: BBC News
A APIB, que representa muitos dos 900.000 indígenas do Brasil, disse que o governo de Bolsonaro tem sérias perguntas a responder.
“O governo Bolsonaro tem sangue indígena em suas mãos”, afirmou em comunicado.
“O aumento da violência em territórios indígenas é resultado direto de seus discursos odiosos e medidas tomadas contra nosso povo”.
O presidente populista do Brasil, Jair Bolsonaro, atraiu intensas críticas nacionais e internacionais por não proteger o território dos Guardiões na região leste da Amazônia.
Fonte: Survival International
Declaração dos Guardiões Guajajara do Território Indígena de Araribóia, Brasil
Perdemos um grande guerreiro em nossa luta. Eles assassinaram nosso amigo, nosso irmão, nosso companheiro incansável na defesa da floresta, Paulo Paulino “Lobo” Guajajara.
Estamos de luto e nossos corações estão doendo.
Lobo foi morto porque defendeu nossa terra. Nossa floresta que nos dá tudo. Nossa floresta sem a qual não podemos viver. Lobo foi morto por defender a vida.
Há muito mal neste mundo. Os madeireiros querem nos matar para roubar nossas árvores e ganhar dinheiro. Não somos violentos com eles, mas eles estão fortemente armados. Eles nos ameaçam. Eles nos matam. Eles mataram nossos amigos, nossos colegas Guardiões Cantidi, Assis e Afonso. E agora eles mataram Lobo.
Mas sua morte não será em vão. Isso nos deixa tristes e zangados, mas nos dá força. Mais um guerreiro foi plantado no solo. Isso nos dará forças para continuar lutando para proteger nossa floresta para nossas famílias e para a sobrevivência de nossos parentes Awá isolados. Nós nunca desistiremos.
Não podemos desistir porque temos uma grande batalha pela frente. O governo se declarou nosso inimigo. O presidente Bolsonaro disse que não protegerá terras indígenas. Ele e outros querem abrir nossas terras para o agronegócio. Nós nunca vamos aceitar isso!
Queremos que o governo cumpra seu dever de nos ajudar a defender nossa floresta de invasores ilegais e da destruição. Queremos segurança adequada para nossa terra e nossas vidas.
Queremos que o governo investigue o assassinato de Lobo e o ataque a ele e a nosso colega Guardião Tainaky. Queremos os assassinos e as máfias madeireiras atrás das grades.
Estamos denunciando as ameaças e crimes contra nós há muito tempo. Lobo e todos nós, guardiões, sempre avisamos às autoridades que poderíamos ser atacados e mortos a qualquer momento. Nada foi feito. E Lobo foi assassinado.
Onde está a justiça? Exigimos justiça! Continuaremos nossa luta para livrar nossa terra de madeireiros. Nós sabemos que está funcionando. Estamos conseguindo reduzir bastante a destruição.
A proteção de nossa terra e sua biodiversidade sempre foi nossa luta e sempre será. Não depende de política ou dinheiro. É simplesmente uma questão de vida e morte para nós, nossos parentes e as gerações futuras.
Enquanto estivermos vivos, lutaremos por Lobo. Vamos lutar até a última gota do nosso sangue. E nós venceremos. A saúde do planeta depende dessa luta.
Nos pedidos a todos a contribuir para nosso trabalho de defender os pulmões do planeta e a vida. Por Lobo, e por todos, vamos lutar até o fim.
Autores/as: Sarah Shenker/Survival International