O ativista Pedro Henrique Santos Cruz Souza, 31 anos, denunciava a violência policial na Bahia desde 2012, quando foi vítima de agressão em uma abordagem. A partir de então, passou a receber e encaminhar denúncias de outros crimes cometidos por policiais. Esta era sua missão de vida até a morte. “Enquanto eu estiver vivo estarei me defendendo e falando pelos que não tem voz”, dizia.
Na madrugada do dia 27 de dezembro, ao menos três homens estavam no encalço de Pedro em Tucano, distante 252 km de Salvador. Invadiram a casa de seu pai, localizada no bairro Matadouro, mas não encontraram o ativista. Sob ameaça, os atiradores obrigaram um vizinho a dizer onde ele estava. O trio, então, arrombou a porta da residência às 4h e atirou à queima roupa. Pedro morreu na hora. Pelo menos três PMs são suspeitos de participar do assassinato do Pedro.
O ativista era visto como um problema para policiais de Tucano, conforme apontam seus familiares. Depois da abordagem sofrida em 2012, os PMs envolvidos no caso foram punidos, ao mesmo tempo em que o jovem criou a “Caminhada pela Paz”. A intenção era fazer com que as ilegalidades cometidas por agentes do Estado não fossem jogadas para debaixo do tapete. Repetiu a caminhada por seis anos seguidos em Tucano.
“A polícia chamava a caminhada de manifestação contra a PM. O Pedro sabia que poderia acontecer isso [ser assassinado], mas estava determinado. Nos últimos dias, eu o via muito apreensivo. O ano novo ele passaria em Tucano com o pai, estava com medo de ficar lá e queria vir logo para Salvador. Estava amedrontado”, conta Ana Maria Cruz, 53 anos, mãe do ativista, que é professora.
Ana conta que Pedro estava tentando convencer a mãe de uma pessoa que teve a casa invadida pela PM a viajar até Salvador para denunciar a violação. Esta era a última denúncia que o jovem faria, mas acabou interrompido por outra invasão, esta que terminou com seu assassinato.
O crime é investigado pela Polícia Civil e pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA), que preferem não dar informações sobre o caso, para não prejudicar as apurações. Ninguém foi preso até o momento.
Fonte: Bem Blogado