Na manhã de 22 de Janeiro de 2016, Edmilson Alves da Silva, 35, foi assassinado a tiros, à margem da rodovia AL-465, em Japaratinga – Alagoas. Edmilson era presidente do Assentamento Irmã Daniela e líder regional do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST). O Assentamento Irmã Daniela se estende por terras localizadas entre Japaratinga e Porto Calvo. A imissão de posse do Assentamento foi obtida em Agosto de 2014, depois de 12 anos de resistência e trabalho realizados pelas 31 famílias assentadas na comunidade que Edmilson liderava. Durante esse período, a comunidade e seus participantes passaram por ameaças de morte e incêndios criminosos.
Edmilson era casado com Célia Amâncio dos Santos, 33. O casal vivia num barraco na sede do assentamento junto com os cinco filhos, que nasceram no assentamento. A atividade de Edmilson se relacionava com a defesa e promoção de direitos de terra em favor de trabalhadores/as agrícolas e camponeses/as no contexto da reforma agrária e fortes tensões com os proprietários de terras nessas regiões.
O assassinato de Edmilson ocorreu enquanto ele aguardava pela chegada de um carro que o levaria à sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Maceió. Edmilson receberia cestas básicas para serem distribuídas para os assentados na região. Enquanto aguardava, Edmilson foi surpreendido pela chegada de dois homens em uma moto atirando em sua direção. Foram disparados 14 tiros, ele foi atingido e, ferido, buscou ajuda dentro do Assentamento, mas morreu ao lado de um barraco de lona em razão dos tiros na cabeça. Célia ouviu os tiros e quando saiu viu o marido no chão: “Eu corri para ajudá-lo, mas era tarde demais. Ele estava morto”. A esposa de Edmilson ainda disse que o marido nunca mencionou sofrer ameaças de morte, mas ela tem certeza que ele morreu em razão da sua atividade em questões fundiárias.
A polícia instaurou inquérito para apuração do caso. O delegado de plantão esteve no Assentamento e iniciou as investigações. O Direito do Departamento de Polícia Judiciária da Área 3 (DPJA-3) também esteve em Maragogi e Japaratinga para apoio às diligências policiais. A polícia também investiga o envolvimento de Edmilson na busca por informações sobre o caso que envolve o desaparecimento da sua sobrinha, Jéssica Maria da Silva. Até o presente momento, não se tem informações sobre o desfecho do assassinato de Edmilson.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi comunicada sobre os assassinatos de ao menos seis defensores de direitos humanos, entre Janeiro e Fevereiro de 2016, em três diferentes estados brasileiros – Rondônia, Maranhão e Alagoas. Edmilson encontra-se nestas estatísticas. O “Grito na Luta”, formado pelo Coletivo de Comunicadores Populares e de Resistência Edmilson Alves relembrou um ano da morte de Edmilson. É ainda lembrado o fato de que ainda são muito poucas as informações referentes ao crime que tirou a vida de Edmilson Alves da Silva. Nada se sabe sobre o autor dos disparos ou quem conduzia a moto que carregava o autor dos disparos.
Em Outubro de 2014, durante a imissão de posse do Assentamento Irmã Daniela, Edmilson Alves da Silva falou sobre a sua luta e a emoção pela conquista após 12 anos de luta pela Reforma Agrária da terra onde foi morto: “Eu era acampado quando o pessoal dizia vamos fechar a pista eu ia também mais ficava por trás, agora não quando vamos fechar a pista o primeiro sou eu. Estamos aqui nestes 12 anos produzindo e mostrando a sociedade que temos coisas boas para mostrar, não temos recursos para trabalhar, mas estamos trabalhando”