No final da tarde de 23 de Janeiro de 2016, Enilson Ribeiro dos Santos, 27, foi brutalmente assassinado no Setor 5, em Jaru – Rondônia. Na mesma oportunidade, Valdiro Chagas de Moura também foi assassinado. Enilson era casado, tinha uma filha e sua esposa estava grávida de sete meses. Enilson era líder do Assentamento Paulo Justino e membro da Liga dos Camponeses Pobres. A sua morte teria sido encomendada pelo pretenso proprietário da fazenda Santo Antônio, local em que se encontra o Assentamento. O grupo reivindica reforma agrária da área para famílias sem-terra.
O conflito na região, de acordo com a Liga dos Camponeses Pobres, se intensificou em Novembro de 2015, quando camponeses do Assentamento Paulo Justino foram agredidos e despejados por oito pistoleiros fortemente armados. Contínuas ameaças e agressões ocorreram, e os camponeses denunciaram que o pretenso proprietário da fazenda Santo Antônio ameaça diversos líderes e sempre menciona que não vai perder a fazenda. A Liga dos Camponeses Pobres afirma que Enilson vinha sofrendo ameaças já há algum tempo.
O assassinato de Enilson teria como responsáveis dois homens armados em uma motocicleta. Enilson e Valdiro também estavam numa motocicleta quando os criminosos se aproximaram e efetuaram disparos de arma de fogo contra Valdiro. Enilson teria saído correndo pela Rua Rio Grande do Sul, mas foi perseguido e também foi atingido por tiros. Ambas as vítimas, depois de caídos no chão, ainda foram atingidos por pedradas. Em Março de 2017, Marcelo Vicente Celestino e Gilson Oliveira dos Santos, presos pela prática de outro assassinato, foram indicados por uma testemunha como os responsáveis pelos assassinatos de Enilson e Valdiro. O crime repercutiu na cidade de Jaru devido à brutalidade como as vítimas foram executadas. Marcelo e Gilson teriam confessado o crime a uma testemunha. A testemunha teria inclusive visto fotos selfies tiradas pelos assassinos ao lado das vítimas depois de executadas. A polícia ainda não conseguiu localizar tais fotos, que podem servir como provas de autoria do crime.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos foi comunicada sobre os assassinatos de ao menos seis defensores de direitos humanos, entre Janeiro e Fevereiro de 2016, em três diferentes estados brasileiros – Rondônia, Maranhão e Alagoas. Enilson é uma das vítimas.