Liderança do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rondon do Pará desde a década de 80, José Dutra da Costa, (Dezinho) foi eleito presidente na década de 90. Desde que foi eleito presidente, passou a sofrer inúmeras ameaças. Sofreu três emboscadas, andava sempre acompanhado dos companheiros do sindicato e teve proteção policial. Entretanto, alguns dos próprios policiais militares que faziam sua segurança eram acusados de ter relações com os pistoleiros que haviam sido encomendados para matar Dezinho. Em 1997 ficou seis meses fora de casa em decorrência das ameaças. Tinha 43 anos, era casado e tinha pelo menos uma filha.
Dezinho lutava por reforma agrária, contra a grilagem de terras e contra o trabalho escravo. Foi assassinado com três tiros pelo pistoleiro Wellington de Jesus (preso em flagrante). Dias antes do crime, o Décio Barroso Nunes, Delsão, acusado de ser o mandante do crime, havia dito que Dezinho não chegaria vivo no Natal. Dias depois um pistoleiro foi assassinado e seu irmão procurou Dezinho para dizer que ele havia sido contratado para matá-lo e desistiu, por isso foi assassinado como queima de arquivo.
O Estado Brasileiro foi denunciado na OEA pela morte de Dezinho, em especial diante da não garantia de proteção ao sindicalista que já estava ameaçado, bem como pela demora na responsabilização dos envolvidos no crime. Em 2010, o governo brasileiro assinou um acordo com a OEA assumindo sua responsabilidade pela morte de Dezinho e se comprometendo a implantar diversas políticas públicas relacionadas à luta pela reforma agrária.
Welington de Jesus foi condenado a 29 anos de prisão em 2006. Porém, ao ser beneficiado pelo “indulto de natal”. Em 2007, saiu da prisão e não mais foi encontrado segundo as informações disponíveis nos sites consultados. Outros intermediários Ygoismar Mariano e Rogério Dias tiveram prisões preventivas decretadas, mas não foram presos. Um terceiro intermediário, Domício Neto, chegou a ser preso pela Policia Federal, mas foi posto em liberdade e, em seguida, absolvido do crime. Décio Barroso Nunes, apontado como um dos mandantes do crime, foi a júri popular em 2014 e sentenciado a 12 anos de prisão.
A companheira de Dezinho, Maria Joelma, tornou-se grande liderança e presidenta do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Rondo do Pará após sua morte. Passou a receber inúmeras ameaças e foi inserida no Programa de Proteção a Defensoras e Defensores de Direitos Humanos. Vive sob escolta policial desde o ano de 2005.