Márcio Amaro era um dos fundadores da Associação Homens e Mulheres do Mar (AHOMAR). Em 19 de janeiro de 2010, três homens entraram na casa do pescador Márcio Amaro e o assassinaram na frente da sua mãe e sua esposa, na praia de Mauá, no município de Magé. Um dia antes de seu assassinato, ele tinha entregado feito um protocolo junto a representante do Sindipetro denunciando esses grupos armados nos canteiros de obras da Petrobras. Esse protocolo tinha nomes, datas, muitas informações.
O assassinato de Márcio Amaro se dá num contexto de ataques contra os pescadores, cerca de 10 anos após o maior desastre ecológico na Baía da Guanabara. Na véspera, de seu assassinato Márcio havia participado ativamente da manifestação, em frente à Petrobrás, em protesto contra o referido desastre que provocou o derramamento de 1,3 milhões de litros de óleo cru na baía, acarretando prejuízos irremediáveis.
Além disso tinha entregado o documento denunciando a ação de grupos armados. Márcio era também integrante da Associação Homens do Mar (AHOMAR) que reunia pescadores/as que praticam a pesca artesanal e combatiam a instalação de gasodutos e zonas industriais na baía. A AHOMAR representava pescadores/as artesanais de sete municípios da Baía de Guanabara e possuía 1.870 associados.
Desde 2007 vinha denunciando sistematicamente as violações e crimes ocorridos na construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ). Em 2009, os pescadores da AHOMAR ocuparam as obras de construção dos gasodutos submarinos e terrestres de transferência de GNL (Gás Natural Liquefeito) e GLP (gás liquefeito de petróleo) realizado pelo consórcio das empreiteiras GDK e Oceânica, contratadas pela Petrobras. Essa obra inviabiliza diretamente a pesca artesanal na Praia de Mauá-Magé, Baia de Guanabara, onde fica a sede da AHOMAR.
As suspeitas é de que integrantes da associação estaria sendo vítima de um grupo armado a serviço de grandes empresas, interessadas na industrialização da área, já que antes de Márcio outro integrante da entidade também foi assassinado e outras lideranças eram constantemente ameaçadas. Não foi possível obter informações sobre a investigação do assassinato. Depois da morte de Márcio, em 2012 mais dois integrantes da associação foram executados e o presidente da associação passou anos protegido no âmbito do Programa de Proteção a Defensores de Direitos Humanos, chegando a ter escolta 24h.