Márcio Matos

Fonte Amigos do MST

Em 24 de janeiro, o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra do Brasil recebeu a dolorosa notícia de que outro camarada havia sido assassinado.

Márcio Matos, líder do MST que esteve envolvido nas lutas políticas do estado da Bahia, foi encontrado morto em sua casa no assentamento Boa Sorte, na região da Chapada Diamantina. Segundo relatos de familiares e amigos, o líder foi morto com três tiros, na presença de seu filho.

Como a classe trabalhadora enfrenta sérios reveses e eliminação de direitos no atual momento político do Brasil, o país continua a se tornar cada vez mais violento. Essa violência está intrinsecamente ligada ao avanço do capitalismo em nossos territórios.

Nascido em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, Matos tornou-se um dos principais membros do MST no estado, e era conhecido por sua cooperação com partidos de esquerda, movimentos populares e organizações. No MST, assumiu uma cadeira de liderança nacional quando jovem e permaneceu na tarefa por oito anos, durante os quais se destacou por sua capacidade de mobilizar as massas.

Pai, camponês, filho da classe trabalhadora e comprometido com a transformação social, Marcio Matos, a quem carinhosamente chamamos de Marcinho, assumiu recentemente a Secretaria de Administração de Itaetê e contribuiu diretamente para a Esquerda Popular Socialista (EPS), uma organização dentro da o Partido dos Trabalhadores (PT).

Márcio foi uma das mentes por trás das muitas conquistas que tivemos nos últimos anos. Ele colocou em prática princípios como solidariedade e companheirismo, sem esquecer os valores forjados no coração das lutas, como sensibilidade política, compreensão, diálogo e uma incansável capacidade de indignar-se com a injustiça.

A morte do camarada aumenta a desalentadora onda de violência contra trabalhadores camponeses. Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), 2017 foi um ano sangrento. “As condições enfrentadas pelos camponeses e povos da água e das florestas exigiram teimosia, resistência e questionamento do papel do Estado”, explica a organização. Segundo a Comissão, 65 pessoas foram assassinadas em conflitos por terra, em muitos casos com crueldade, um número que faz do Brasil o país mais violento para as populações camponesas do mundo.

O cruel assassinato de Marcinho nos lembra que há cinco anos perdemos o camarada Fábio Santos, que também era líder dessa organização. Fábio foi assassinado com 15 tiros na presença de seu companheiro e filhos, na estrada que liga a sede do município de Iguaí ao distrito de Palmeirinha, no sudoeste baiano. Até agora, ninguém foi preso, deixando o crime impune.

Esta é uma época de luto, mas também de luta. Portanto, exigimos que o sistema de Justiça inicie imediatamente as investigações sobre o assassinato de Márcio. Não permitiremos que esta morte fique impune e continuaremos a luta popular travada por ele nas várias trincheiras.

Enviamos nosso amor aos familiares de Márcio, amigos e todos os militantes do MST que estão mobilizados nos assentamentos e acampamentos em toda a Bahia. Juntos, faremos nosso grito de repúdio ser ouvido. Continuaremos a lutar contra o capital e o agronegócio e a defender o socialismo, e o derramamento do sangue dos trabalhadores, que pinta nossa bandeira vermelha de rebelião, é mais uma razão para lutar.

Considerando que você está nos ameaçando

Com rifles e canhões

Nós decidimos: de agora em diante

Nós devemos temer a miséria mais do que a morte.

Bertold Brecht

Direção Estadual do MST na Bahia

25 de janeiro de 2018


Se quiser enviar uma recordação pessoal, favor nos enviar por e-mail: HRDMemorial@frontlinedefenders.org

Região:Américas

País:Brasil

Departamento/Província/Estado:Bahia

Apelido:Marcinho

Gênero1:Masculino

Data da morte:24/01/2018

Ameaças Anteriores:Sim

Organização:MST

Setor ou Tipo de Direitos que o/a DDH trabalhava:Direitos ESC

Detalhes do Setor:Comunidades camponesas, Direito à terra

Maiores informações:Front Line Defenders

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