O Assassinato
Fonte: Amazônia Real (Brazil), Business Human Rights Resource Centre
Raimundo Benício Guajajara, 38 anos, era um chefe indígena da aldeia de Descendência Severino, terra indígena Lagoa Comprida, Brasil. No sábado, 7 de dezembro de 2019, Raimundo e outro chefe, Firmino Prexede Guajajara, 45 anos, foram atacados por pistoleiros em um carro em movimento e ambos foram baleados e mortos.
“Um grupo de indígenas do povo Guajajara foi atacado a tiros, por volta das 12h40 (horário de Brasília) deste sábado (07), enquanto viajava de motocicleta por um trecho da rodovia BR-226, perto da aldeia El Betel, no Território Indígena Cana Brava, no município de Jenipapo dos Vieiras, no Maranhão.
Dois chefes morreram no ataque: Firmino Prexede Guajajara, 45 anos, da Vila Silvino (Cana Brava), atingido por quatro tiros, e Raimundo Benício Guajajara, 38 anos, da Vila Descendência Severino, Terra Indígena Lagoa Comprida, segundo a liderança de Magno Guajajara para a agência Amazônia Real. Dois indígenas ficaram feridos.”
Autora: Elaíze Farias
Fonte: The Guardian
“O grupo estava voltando de uma reunião quando foram atacados por pistoleiros em um carro em movimento. Tribos indígenas no Brasil enfrentam escalada de violência durante a presidência de Jair Bolsonaro, que prometeu reduzir os direitos indígenas e incentivou a exploração comercial de suas terras protegidas. As tribos enfrentaram a violência de madeireiros e mineiros ilegais.”
Fonte: Amazônia Real (Brazil), Business Human Rights Resource Centre
Em sua conta no Twitter, o Ministro da Justiça, Sérgio Moro, falou sobre o ataque e mostrou solidariedade com as vítimas e suas famílias. Ele disse que a Polícia Federal “já enviou uma equipe para o local e investigará o crime e sua motivação”. Ele também disse que “avaliará a viabilidade de enviar pessoal da Força Nacional para a região”.
“Lamento o ataque, que ocorreu hoje no Maranhão, que terminou com dois índios Guajajaras mortos e outros feridos. Assim que a Funai soube do tiroteio, eles foram à vila para tomar medidas, junto com as autoridades do governo do Maranhão”, afirmou ele no Twitter.
A Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular do Maranhão divulgou nota informando que está acompanhando o caso com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e representantes da Funai.
Segundo Magno Guajajara, os indígenas foram atacados quando retornaram de uma reunião na vila de Coquinho, onde se encontraram com diretores da Eletronorte Energia.
No encontro, que contou com a presença de 60 chefias e lideranças dos Guajajara, os/as indígenas discutiram temas relacionados à compensação do impacto ambiental da instalação de linhas de transmissão no território, segundo o coordenador da Funai (Fundação Nacional do Índio) no Maranhão, Guaraci Mendes.
“Estávamos lidando com a questão da Eletronorte. No final da reunião, os indígenas voltaram para casa de moto. Enquanto desciam a colina, foram abordados e fuzilados. Eles simplesmente atiraram em nossos parentes. No caminho, eles abaixaram a janela e olharam para ver se eram indígenas. Eles aceleraram e dispararam. Foi um tiro fatal. Ninguém sabe por que ocorreram esses tiros, essa violência, essa manifestação de ódio”, disse Magno Guajajara à Amazônia Real.
Autora: Elaíze Farias
Fonte: Amazônia Real (Brazil), Business Human Rights Resource Centre
A Investigação
“Guaraci Mendes contou à reportagem que enviou equipes para o local e comunicou o caso à Polícia Federal do Maranhão, que já está em campo para investigações. Os corpos serão examinados pelo Instituto Médico Legal (IML) antes do enterro dos chefes. Mendes também relatou como soube do ataque.
‘Meu colega [na Funai] foi à reunião, mas depois vi que havia esquecido um documento. Pedi a Magno para entregá-lo. Dez minutos depois que ele saiu, ele me ligou dizendo: ‘Guaraci, eles acabaram de matar dois parentes. Houve dois tiros. Vimos o carro, eles abriram fogo e fugiram.’ Já enviamos as equipes e procuramos a polícia e agora estamos aguardando mais informações’, afirmou Mendes.
O coordenador da Funai apontou que ‘apenas os principais líderes Guajajara estavam reunidos para lidar com a compensação com a Eletronorte’ e esse fato chamou sua atenção.
‘Era toda a cúpula, chefes e líderes, da Terra Indígena Cana Brava. Parece que foi uma ação planejada’, disse Mendes.”
As autoridades disseram que estavam investigando, mas não disseram se alguém havia sido detido.
Autora: Elaíze Farias
O incidente ocorreu na reserva indígena Cana Brava, que abrange 137.000 hectares no estado do Maranhão e possui 4.500 habitantes, segundo registros do governo.
Fonte: The Guardian
Incidência Pública
O grupo de defesa Amazon Watch disse que o povo Guajajara estava retornando de uma reunião com a Eletronorte, uma empresa brasileira de serviços públicos de eletricidade, e a Funai (Fundação Nacional do Índio), onde defendiam seus direitos.
O diretor do programa da Amazon Watch, Christian Poirier, disse: “Um genocídio institucionalizado de povos indígenas está ocorrendo no Brasil. Eles estão sendo abandonados, vulneráveis a todos os tipos de ameaças e violência.
“A comunidade internacional não deve aceitar que mais sangue indígena seja derramado. É dever constitucional do governo brasileiro proteger os territórios indígenas e garantir a segurança de seus povos.”