Em 22 de fevereiro de 2020, Paulo da Silva Filho, conhecido como Paulinho do PT, foi assassinado em Ourilândia do Norte, no sul do Pará, na região amazônica brasileira. Este é o mais recente de uma série de assassinatos e ataques contra famílias que viviam em terras de reassentamento da Reforma Agrária da Fazenda 1200 (Ocupação 1200), da qual Paulinho do PT era líder.

Paulo era sindicalista, ex-vereador em Ourilândia do Norte e conhecido defensor dos direitos à terra que ajudou a coordenar as lutas pelo direito à terra no sul do Pará.

Na manhã de 22 de fevereiro de 2020, indivíduos não identificados mataram Paulo da Silva Filho com um único tiro na cabeça, em frente a seu galpão em Ourilândia do Norte. Há razões para acreditar que seu assassinato foi uma represália por seu trabalho de direitos humanos. Paulinho já havia denunciado ameaças contra ele ao Ministério Público e à Polícia Civil.

Os ataques contra defensores dos direitos humanos no Pará, já em níveis historicamente elevados, aumentaram ainda mais nos últimos tempos. Alexandre Coelho Furtado Neto, também da Ocupação 1200, foi baleado no peito no dia 19 de outubro de 2019, durante uma emboscada.

Famílias que vivem em terras que fazem parte do processo de reassentamento do programa de Reforma Agrária vivem sob ameaças constantes de ataques, assassinatos, torturas, prisões, incêndios criminosos, ataques a propriedades, envenenamento por pulverização aérea de agrotóxicos e tiros em residências e veículos. Nesse contexto, os ataques contra os moradores dos campos se tornaram comuns. Durante a noite de 14 de abril de 2019, quatro homens armados atiraram nas casas das 70 famílias que moram na área pública da Fazenda 1200 para intimidá-las a fugir de suas casas. Os trabalhadores da terra e defensores dos direitos humanos da Ocupação 1200 vivem e trabalham para subsistir lá desde 2006, apesar de uma série de despejos violentos.

O aumento da violência contra defensores na região segue a emissão de políticas dos governos estadual e federal que legitimam a grilagem e a violência no meio rural.