Weclebson Pereira Milhomem, camponês e membro do Assentamento Nova Vida, localizado na Fazenda Santa Lúcia, município de Pau D´Arco, Estado do Pará, foi assassinado em 24 de maio de 2017 em uma série de eventos posteriormente conhecidos como Massacre de Pau D´Arco.
A Fazenda Santa Lúcia fica em terras estatais, mas, devido à ocupação ilegal, as terras acabaram nas mãos da família Babinski. O conflito na área começou em 2013, quando a comunidade do primeiro camponês decidiu criar um assentamento em parte da fazenda e exigir que a terra fosse designada para reforma agrária. Seguiram-se várias ocupações e processos de despejo, bem como um processo de expropriação de terras ainda pendente.
Na noite de 23 de maio de 2017, um grupo de 25 camponeses, liderado por Jane Júlia de Oliveira, chegou à Fazenda Santa Lúcia planejando reinstalar o assentamento. Um grande grupo de colonos deveria encontrá-los lá, mas havia problemas com o transporte e eles não chegaram a tempo. Assim, os 25 camponeses decidiram acampar na floresta perto da sede da fazenda e aguardar a chegada de seus companheiros no dia seguinte. Eles ficaram surpresos, no entanto, nas primeiras horas de 24 de maio de 2017, pela chegada repentina de um grupo de policiais militares e civis que vieram atirar e matar quem quer que encontrassem.
Do grupo de 25 camponeses, 10 morreram, os outros foram perseguidos na floresta, mas conseguiram se esconder e escapar devido às fortes chuvas. A investigação encontrou evidências de espancamento, tortura e execução – vários dos ferimentos a bala indicaram que foram baleados por cima, mostrando que os camponeses se renderam antes de serem mortos. Os sobreviventes descreveram como sua líder, Jane Júlia, foi espancada, humilhada e morta a tiros enquanto pedia a vida de seus companheiros.
Os atacantes alteraram a cena do crime e removeram os corpos antes da chegada da equipe forense. Eles também disseram que as mortes estavam em legítima defesa. Segundo eles, eles estavam lá para executar 14 mandados de prisão, mas foram recebidos com balas dos camponeses. A investigação, no entanto, contradiz sua versão, não mostrando nenhuma evidência de confronto.
Os policiais envolvidos foram presos durante a investigação, a fim de impedir a intimidação de testemunhas, mas foram libertados após o inquérito e aguardam julgamento em liberdade. Em 19 de fevereiro de 2019, foi emitido um veredicto no processo (procedimento nº 0011380-25.2017.8.14.0045), determinando que havia evidências suficientes para justificar acusações de assassinato deliberado. Portanto, de acordo com a lei brasileira, o caso será encaminhado para um julgamento por júri.
Depois do que aconteceu, o Assentamento Nova Vida foi renomeado como “Assentamento Jane Júlia” para homenagear seu líder e todos os companheiros que perderam a vida no Massacre de Pau D´Arco.